Inseminação Intracitoplasmática
A injeção intracitoplasmática (ICSI) é uma técnica de procriação medicamente assistida, incluída no tratamento de Fertilização in Vitro (FIV), que permitiu alcançar com êxito a gravidez em casais diagnosticados com um fator masculino severo. O homem tem de fornecer uma amostra de esperma, ou faz-se-lhe uma biopsia testicular, se necessário, para extrair e selecionar os melhores espermatozoides que serão utilizados para a fertilização dos óvulos.
O QUE É?
EM QUE CASOS
É INDICADO?
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Homens com baixo número de espermatozoides, problemas de mobilidade ou má morfologia dos mesmos.
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Homens que tenham feito uma vasectomia (método de anticoncepção masculina que consiste na interrupção cirúrgica dos tubos (canal deferente) responsáveis pelo transporte dos espermatozoides do testículo para a uretra).
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Doença infeciosa ou infertilidade de causa imunitária.
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Dificuldade em conseguir uma ejaculação em condições normais, como ocorre na ejaculação retrógrada (problemas neurológicos, diabetes, etc.), ou até mesmo, anejaculação.
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Casos de amostras criopreservadas de homens submetidos a vasectomia ou a tratamento de radio ou quimioterapia. As amostras são muito valiosas porque têm uma quantidade limitada e a ICSI permite otimizar a sua utilização.
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Azoospermia (ausência de espermatozoides no esperma).
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Alteração moderada ou grave do esperma.
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Pacientes seropositivos.
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Outros fatores: fracasso repetido após vários ciclos de FIV e IA, baixo número de ovócitos após a punção ou quando for necessário identificar embriões em caso de Diagnóstico Pré-implantação (DPI).
INDICAÇÕES FEMININAS
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Existência de um FVI anterior sem fecundação ou 2 FIV anteriores sem gravidez
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Imaturidade ovocitária
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Dismorfias ovocitárias
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Mulher com idade superior a 35 anos
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Pacientes com indicação DGPI.
COMO É REALIZADA ESTA TÉCNICA
Numa primeira fase é escolhido um espermatozóide normal, com boa mobilidade, que é aspirado com uma micropipeta.
A micropipeta contendo o espermatozóide aproxima se do oócito II, empurrando o espermatozóide para o interior do citoplasma.
Alguns oócitos mais frágeis não resistem à microinjeção, mas os restantes são posteriormente colocados em incubadoras a 37º, até à transferência dos embriões para o útero.
Antes da sua transferência, os embriões resultantes após a fertilização dos ovócitos são observados no laboratório dia após dia, e são classificados de acordo com a sua morfologia e capacidade de divisão.
Alguns embriões podem chegar a bloquear o seu desenvolvimento, e serão excluídos por serem considerados inviáveis. Os que obtiverem melhor classificação serão posteriormente transferidos para o útero materno ou vitrificados.
A transferência consiste na introdução do melhor embrião, ou mais do que um se assim for definido pelo médico e casal, no interior do útero materno, com a ajuda de uma cânula especialmente concebida para o efeito. O procedimento é realizado no bloco operatório, apesar de neste caso não ser necessário administrar uma anestesia, já que é um processo rápido e indolor.
Uma vez realizada a transferência embrionária, realizamos a vitrificação dos restantes embriões de boa qualidade, com o objetivo de poderem ser transferidos num ciclo posterior, sem necessidade de estimulação ovárica.
Para a realização da fertilização in vitro, com ou sem ICSI, é necessária uma estimulação ovárica intensa com injeções subcutâneas diárias que conseguirão que os ovários, em vez de produzirem um único ovócito (que é o que fazem espontaneamente todos os meses), produzam mais óvulos para poder chegar a obter um maior número de embriões. São realizados controlos ecográficos e doseamentos hormonais sanguíneos com a finalidade de ajustar as doses hormonais, evitar os efeitos secundários e definir o dia para a punção folicular (colheita dos oócitos). A punção é realizada com sedação, de modo a ser totalmente indolor permanecendo a doente deitada cerca de 2 horas. Após a identificação da existência de oócitos, o marido faz a colheita de esperma. Com esta técnica, o número, a mobilidade, ou mesmo a morfologia dos espermatozoides deixaram de ser fundamentais para conseguir uma gravidez, pois esta passou a ser possível com espermatozoides presentes no ejaculado, epidídimo ou testículo.
Diagnóstico Genético
Pré-Implatação (DGPI)
Segundo o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), o Diagnóstico Genético Pré-Implantação (DGPI) representa o conjunto de técnicas usadas, no contexto da Procriação Medicamente Assistida (PMA), para a deteção de uma alteração genética específica (génica ou cromossómica) num embrião antes da sua transferência para o útero, ou num ovócito, em situações de alto risco de transmissão de uma doença genética à descendência. O termo DGPI aplica-se ainda à determinação de uma constituição genética específica (por exemplo, sexo cromossómico ou grupo HLA) de um ou mais embriões, antes da sua transferência para o útero.
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Para se realizar DGPI é obrigatório utilizar a técnica de ICSI para se obterem embriões onde esta técnica possa ser aplicada. O DGPI consiste na biopsia de uma ou duas células de embriões no 3º dia de desenvolvimento (normalmente com 6 a 12 células). Para isso faz-se um orifício com cerca de 20 µm no invólucro de cada embrião e retiram-se 1 ou 2 células. Para se detetar anomalias génica e/ou cromossómicas nas células removidas, utiliza-se as técnicas de Polymerase Chain Reaction (PCR) e Fluorescent In Situ Hybridization (FISH), respetivamente. Os embriões são colocados em cultura, isolados.
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O objetivo do DGPI é sempre a transferência de embriões geneticamente normais para a patologia estudada e, por isso, apenas se transferem os embriões cujo diagnóstico genético tenha sido normal. Os embriões alterados são analisados geneticamente para confirmar o diagnóstico.
Como exemplo de algumas patologias que se estudam pode citar-se a fibrose cística, a polineuropatia amiloidótica familiar (doença dos pezinhos ou de Corino de Andrade), a doença de Machado-Joseph (Açores), a doença de Huntington, distrofia muscular, a neurofibromatose, a hemofilia, talassemia, o atraso mental ligado ao cromossoma X, a doença de Tay-Sachs, a doença de Fabry, as doenças ligadas aos cromossomas sexuais (seleção de sexo).